quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O PROBLEMA ESTÁ NO MODELO

O editor-chefe do Lance!, Luiz Fernando Gomes, criticou o modelo de gestão do futebol do Fluminense e abordou suas implicações no processo eleitoral para escolha do novo presidente do clube. A opinião foi dada em artigo publicado no jornal, no último dia 14 de novembro, sob o título “O problema está no modelo”. Caro eleitor, por favor, leia o texto e avalie.

 O problema está no modelo



Não importa de que lado esteja, que candidato apoie. Mas uma coisa você há de convir: a postura do presidente da Unimed, Celso Barros, no processo eleitoral do Fluminense, é um retrato pronto e acabado da fragilidade dos clubes brasileiros diante de seus patrocinadores. Pior do que isso, diante de mecenas que por paixão ou por interesse, legítimo ou nem tanto, investem alto e, no primeiro sinal de contrariedade, não se constrangem de apresentar a conta. Por vezes, multiplicada.

Celso Barros, apoiador do candidato Peter Siemsen na acirrada disputa pelo comando do Tricolor carioca, entrou na campanha pela porta dos fundos. Do alto do poderio econômico da cooperativa médica que dirige, aliás como se fosse o dono, bradou aos quatro ventos nas páginas deste LANCE! que, em caso de vitória do adversário, Julio Bueno, a Unimed estaria fora do Fluminense.

Intervencionismo covarde. Direito de escolher com quem faz negócios, Celso Barros tem total. O que não deveria é se tornar ator da disputa interna do clube. O que não poderia é desrespeitar, por conta do jogo político, as próprias instituições, o clube e a cooperativa, como se investir, manter jogadores de alto nível fosse um capricho pessoal seu e não uma decisão empresarial ou um projeto esportivo.

Ou será que os milhões que ele enfiou no Fluminense nos últimos anos não passam mesmo disso, um mero capricho pessoal? Se eu fosse sócio da Unimed, pode ter certeza que ia querer entender bem direitinho...

Mas vamos ficar no Fluminense. O antídoto a esse papel horroroso de personagens como Barros é simples. Se buscassem a profissionalização, funcionassem no regime de empresa, com transparência e, mais do que isso, responsabilidade fiscal e financeira na sua gestão, certamente nossos clubes não teriam a dependência que têm de um patrocinador ou um só financiador.

Uma nova organização permitiria negociações mais sólidas. Atraindo mais patrocinadores diversificando as receitas, permitiria negociações mais lucrativas de direitos de TV e de outras propriedades que os clubes têm e não exploram, multiplicaria a arrecadação com programas de fidelização de sócios. Ou seja, ampliaria o acesso ao capital e de forma muito mais segura e com menos risco do que o modelo atual.

O Corinthians, com as últimas ações negociais, juntando-se talvez aos clubes do Rio Grande do Sul, é um exemplo, ainda que ralo, do que começamos a construir de bom no Brasil. Afinal, em terra de cego quem tem um olho é rei. Já o Fluminense, em que pese a boa fase atual, é um modelo do que temos de ruim a ser abandonado: ao viver às custas da Unimed, perde até sua independência, assiste a uma divisão pública de poder em que ora o presidente aponta para um lado ora o patrocinador imbica para o outro.

Quando os ventos sopram a favor, reina a paz. Ou a tolerância surda entre as partes. Mas no temporal de uma campanha eleitoral caem as máscaras, surgem as fraturas. E quem perde é o clube,
que vê trincarem suas estruturas.

2 comentários:

  1. Por causa da interferência dele até nas escalações podemos perder mais um título.

    Marcio careca

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  2. Deco não tem condições de jogar, pelo menos atualmente, num time de guerreiros. Se insistir nele, a vaca vai para o brejo. Mando o Celsinho ficar quieto e contar a grana de retorno que o Flu dá a empresa que ele preside, e só.

    Flu1952

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